sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O Novo Dilúvio

E então, Deus, novamente farto após 4300 anos das eternas falsidade e maldade humanas, decide que é hora de uma nova descarga. Ou Dilúvio.

Em Sua infinita Sabedoria, considera que se a Arca não deu certo da primeira vez, não é agora que vai funcionar. Noé era bem intencionado, mas pensando no que ocorreu depois, notou que enquanto o cara se fodia todos os dias para manter a bicharada viva, foi obrigado à deixar a educação básica de seus filhos e netos à encargo de terceirizados (que prontamente projetaram suas próprias frustrações e ressentimentos nos herdeiros de Noé).

(Uriel havia alertado sobe os perigosos efeitos de uma monocultura resultante de um grupo tão pequeno de pessoas confinadas limpando merda e sem muitas oportunidades de crescimento pessoal - mas enfim...).

Foi quando Lúcifer, em desesperro, interveio: "Yahweh, pelo Amor de Ti, não estás planejando inundar (pun not intended) novamente a minha Morada de gente, estás? Da última vez levei quase 3 mil anos até conseguir botar ordem no inferno que virou o Inferno! E na época não tinha nem um bilhão de almas neste Planeta, imagine agora!!! Tenhas Dó!"

Gabriel sorriu. Tivera uma idéia: "Meu Senhor, proponho um novo teste para a Humanidade. Na virada do 2º Milênio do Nascimento de teu Filho nesta Terra, que o Dilúvio seja feito com Leite de Pêra - se a Humanidade sobreviver aos Millennials, aos SJWs e demais pequenos ególatras chorões que crescerão (mas não se multiplicarão, que nem eles vão se agüentar), então a Humanidade terá provado que merece novamente teu Infinito Amor!"

Ao fundo, Michael cobre o rosto com as mãos em profundo desalento enquanto murmura:
"Quando esta bosta explodir, sou eu que vou limpar a cagada. De novo..."

#lisíadas , Livro XIII, Capítulo 1, Verso 666

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

"Lisias, você é Libertário?"

Bão... Uns 10% de acordo com isto aqui. :-)

A meu ver, Saúde Pública é dever do Estado. Políticas de Saneamento Básico, Controle de Epidemias (ou Endemias), são coisas que fogem do alcance do indivíduo (ou mesmo de associações de indivíduos).

Sendo Saúde Pública uma atividade melhor exercida pelo Estado (desde que satisfeita algumas condições), eu preciso reconhecer a necessidade de um Estado - e neste momento meu Espírito Anarquista grita em desespero, nos confins de minha psiquê.

Logo, eu preciso aceitar pagar impostos para que o Estado possa implementar as políticas de Saúde Pública.

Também não sou favorável à descriminalização *E* desregulamentação do uso das drogas ditas ilegais. (tá ficando difícil ouvir meus pensamentos com os gritos do Espírito Libertário, que agora faz coro com o Anarquista). Em princípio, o indivíduo deveria ter o direito de viver e de morrer como bem entender - se o cara quer encher o ** de maconha e morrer demente, é direito dele.

Mas com a Saúde Pública sendo dever do Estado, os problemas de saúde causados pelas drogas acabarão tendo que ser resolvidos com o dinheiro dos meus impostos - e eu tenho uma séria dificuldade em aceitar ver meu dinheiro desviado do controle da Malária no Norte (e eu sei o que é isso, vocês não sabem quantas pessoas deixaram de morrer pela atuação do Estado, eu inclusive) para manter a saúde de pessoas que trouxeram os males para si por escolha própria.

Logo, a única forma "Libertária" que eu consigo imaginar de se liberar as drogas é ativamente boicotar o acesso dos usuários de drogas aos sistemas públicos de saúde - cada um que pague por suas escolhas, e que os usuários se organizem num sistema privado de saúde.

Mas isso seria moralmente questionável, e creio que legalmente impossível.

Então a saída para este dilema é criminalizar as drogas - uma forma autoritária de se minimizar a incidência, de forma que o impacto financeiro seja reduzido.

(acho que ouvi meus Espíritos Anarquista e Libertário planejando meu assassinato, peraí que já volto...)

Liberdade não é um esforço individual : a sua só existe se você garantir a dos outros. Logo, eu só tenho a liberdade que meus pares estão dispostos à pagar (e vice versa).

domingo, 18 de setembro de 2016

Swing Financeiro (redux)

A melhor analogia para esta nova etapa da crise financeira é uma casa de swing:

Em uma casa de swing lotada, todo mundo está comendo e/ou dando para todo mundo. A música tá rolando alto, whisky, cervejas, vodkas e viagras a vontade... Ninguém nem lembra com quem esteve, se é que esteve.

Até que determinada pessoa no meio da sacanagem grita bem alto:

"EU TENHO AIDS!!!"

Pronto, fodeu (ou parou de): ninguém sabe se comeu e/ou deu para esta pessoa (e pior... se comeu e/ou deu com ou sem camisinha!). Quem estava comendo e/ou dando irá parar de comer e/ou dar porque não sabe se a pessoa que está comendo e/ou dando naquele exato momento comeu e/ou deu para a pessoa que gritou que tem AIDS. Todos avaliam o risco de sua situação e, é certo, não vão mais comer e/ou dar para ninguém mais por um bom tempo (ao menos até saberem quem têm ou não AIDS).

E quem tinha acabado de chegar na casa de swing e ia começar a comer e/ou dar feito coelho não vai mais comer e/ou dar pra ninguém.

É esta crise de confiança que abalou a casa de swing que atualmente abala o mercado financeiro: quem estava investindo não investe mais; e quem pensava em começar a investir não investirá mais. A analogia entre a casa de swing e o mercado financeiro é mesmo a mais adequada, porque no frigir dos (nossos) ovos, é tudo a mesma coisa:

uma grande sacanagem onde dinheiro (e cu)* de bêbado não tem dono!
* não importa quantos dedos tenha na mão, 10 ou 9

(c)2016 por Lisias Toledo.
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